
O jejum de Tisha B’Av lembra a destruição do Templo Sagrado
em Jerusalém há cerca de 2.000 anos. Sentamo-nos e lemos Lamentações. Nossos
irmãos em Israel rezam no Kotel Hamaaraví e abraçam suas pedras – nosso único
resquício do Templo Sagrado.
As palavras e o grito: “Se eu me esquecer de ti, ó
Jerusalém!”(Tehilim, 137:5) nos manteve em nosso exílio e peregrinações.
Onde quer que nos estabelecêssemos, voltávamos a Jerusalém em oração.
Mesmo que não podendo estar fisicamente presentes, estamos com
o coração e mente. Agora, em Tisha B’Av, vamos chegar o mais perto possível
dessas pedras preciosas. Tentemos delinear, mesmo que apenas no papel, nossas
esperanças e anseios.
“Eis que meu amado está atrás de nossa parede, olhando pelas
janelas, espiando pelas frestas” (Shir Hashirim, 2:9), escreveu o Rei Shlomô no
Cântico dos Cânticos. A presença Divina nunca deixou o Muro das Lamentações.
O Kotel Hamaaraví não é apenas para os ricos e famosos. Tampouco
somente uma atração turística ou um ponto de interesse arqueológico. Todo judeu
possui um pedaço da rocha. E ninguém se perde entre as fendas. As pedras
refletem nossas diferenças: grandes e pequenas, inteiras e quebradas, lisas e
ásperas, juntas formamos uma parede formidável, uma fortaleza de fé que dura
para sempre. Cada bloco de pedra é como uma página, cada linha um capítulo de
nossa longa história judaica, escrita em pedra. A Rocha dos Séculos que garante
a sobrevivência dos judeus.
Apesar de tudo, está incompleto. Não podemos nos contentar
com apenas uma parede. Se nossa própria casa fosse destruída, sobrando apenas
um muro – sem sala de jantar, quarto ou cozinha – estaríamos satisfeitos em
viver dessa maneira?
Oramos diariamente por sua reconstrução. Para algumas
pessoas, isso pode soar absurdo. Mas nossa crença em Mashiach é a pedra angular
do Judaísmo. “Eu acredito plenamente na vinda de Mashiach. A cada dia eu o
espero”, é a base sobre a qual tudo o mais está.
Devemos estudar, cumprir mitsvot, preparar-nos e aguardar a
Redenção ao concluir as Lamentações. “Retorne para nós, ó D’us, e nós
retornaremos para Você. Renove nossos dias como antes!”
